PSICANÁLISE E EDUCAÇÃO: TECITURAS DE UM ENTRE DOIS.

Sobre o Evento

Se a psicanálise pode contribuir, de alguma forma, com o campo de educação, terá de apontar para a necessidade de uma postura reflexiva sobre a tarefa de escutar, que supõe uma reconstrução a ser feita pelo professor junto aos alunos. Escutar é dar sentido ao mundo que cerca o aluno. Ao escutar os ditos e os não ditos, produzimos e ampliamos o mundo das coisas, damos a nossa versão, que é réplica e não uma repetição.

A escuta da fala do outro é na verdade um diálogo dentro de nós mesmos com as muitas falas que nos constituíram e nos constituem. Escutar e falar fazem parte do processo educativo, porém este binômio na escola parece ter pesos diferentes entre os atores.

Esse mundo desejante, que habita diferentemente em cada sujeito, estará sempre preservado cada vez que um professor renuncie ao controle e aos efeitos de seu poder sobre o aluno. “Matar o mestre – para falar, escutar e se tornar o mestre de si mesmo – é uma lição que precisa ser ressignificada” (KUPFER, 2000, p. 45).

Se, por um lado, Freud foi, de fato, um antipedagogo, por várias razões pode-se dizer que foi também um mestre da educação. Seu jeito peculiar de fazer teoria revelou a singular relação que tinha com o ato de pensar, falar e escutar. Freud pensou com a mente e com o desejo e talvez por isso a fala e a escuta tenham ocupado um lugar singular no seu modo de educar. Neste sentido, o mestre nos convida a pensar:

 

A psicanálise já encerra em si mesma fatores revolucionários suficientes para garantir que todo aquele que nela se educou jamais tomará em sua vida posterior o partido da reação e da repressão. Penso até mesmo que as crianças revolucionárias não são desejáveis, sob nenhum aspecto (FREUD, 1976, v. 22, p. 348).

 

As conexões da psicanálise com a educação precisam ser ainda estabelecidas. Mas, talvez, desde já, a psicanálise possa oferecer a educação um outro olhar, não narcísico, não tão etnocêntrico, mas um olhar em que o professor se coloca no lugar daquele que investiga, daquele que questiona o saber fechado, previamente estruturado do aluno.

Em meio a toda impossibilidade de se casar a psicanálise com a educação, é certo que ambas começam a se olhar. Nesse caso, estão abertas as portas para que o saber da representação social tome lugar entre esses dois saberes, mostrando ao leitor o que podemos ver por detrás dele, sem contudo, conduzi-lo para dentro, porque educar, segundo Freud, parece ser mesmo uma tarefa difícil.

 

 

Objetivo Geral:

Investigar os fundamentos teóricos metodológicos que perpassam a Psicanálise e Educação com vistas a pensar a sala de aula psicanaliticamente orientada e implicada com o processo de ensinar e aprender em que a fala e a escuta expressem o desejo do aluno e do professor.

 

Objetivos Especificos:

Apreender os fenômenos  de transferência na relação aluno e professor no sentido de identificar o manejo da identificação necessário ao processo ensinar e aprender.

 

Identificar  o campo afetivo do relação professor aluno na busca de escutar o desejo que emerge em cada seguimento da escola.


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