Palestras - Descartes e Spinoza: A liberdade de pensar
Sobre o Evento
Dois fatores distantes no tempo dificultaram a construção de um conhecimento baseado nas conexões entre
pensamento e extensão. O primeiro nos remete ao modo de percepção da consciência por ela mesma, elaborada no
século XVII, por Descartes, e o segundo, nos remete às disputas epistemológicas no século XIX.
Ora, uma consciência que se evidenciou a partir de si mesma, sem considerar as ideias das modificações corporais e
ainda as relações com as outras consciências, instalou um modo de percepção que isolou uma dimensão do nosso
ser, a dimensão cognitiva, de tudo que nos compõe como seres humanos. Isolou uma dimensão que no real jamais
poderá estar isolada.
Assim, consideramos esse primeiro fator uma dificuldade inicial para pensar a unidade psicofísica como uma
concepção capaz de orientar um modo de conhecer que, considera as conexões imanentes entre as ideias e as
coisas.
Um fator mais recente foi a formação de uma perspectiva disciplinar do conhecimento. Sabemos que as disputas
epistemológicas do final século XIX foram acirradas. Tivemos, de um lado, por exemplo, a tentativa da sociologia em
se constituir como ciência independente da psicologia. O caso mais emblemático foi, talvez, quando Durkheim ao
conceber o "fato social" como objeto da sociologia, subordinou o elemento psicológico ao social. Mas, do outro lado,
também havia uma psicanálise em construção a partir da noção de "inconsciente". Assim, "fato social" e
"inconsciente" foram inventados como dois objetos distintos; cada qual com o seu método próprio de investigação.
Um tempo de filiações teóricas e de fundações de áreas científicas; enfim, de divisões e disputas epistemológicas.
Assim, conceber um modo de conhecer que considera tanto as conexões causais, quanto as equivalências sem
causalidades, é uma maneira de superar dicotomias e disputas epistemológicas, que mais serviram para a defesa de
campos de conhecimentos e divisões, do que para a formação de uma visão epistemológica baseada em noções
compartilhadas e apropriadas segundo as linguagens pertinentes aos envolvidos no processo de construção do
conhecimento.
OBJETIVO GERAL
O objetivo geral do projeto antes foi construir um modo de conhecer a partir da concepção de unidade entre corpo e
mente elaborada por Spinoza. Agora, a partir de 2017.1, trabalharemos os desdobramentos da relação corpo e mente
tendo como foco o Livro IV da Ética de Spinoza.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
OS dois objetivos específicos foram: 1) formular uma epistemologia que, além de desmistificar as dicotomias entre
mente e corpo, indivíduo e sociedade, cultura e natureza, afeto e razão, construa uma maneira de conhecer,
orientada pela ideia fundamental de que existe uma conexão necessária entre as ideias e as coisas; e 2) conceber, a
partir dessa epistemologia, elementos que contribuam para a invenção de modos de expressões (linguagens)
afinados com a ideia de unidade indissociável entre pensamento e extensão.
Programação
| Atividade do Evento | Início | Término | Palestrante |
|---|---|---|---|
| Palestras | 19/06/2017 09:00 | 19/06/2017 13:00 |