IV Ciclo Internacional - Candaces - UNEB

Sobre o Evento

IV CICLO INTERNACIONAL CANDACES APRESENTA:

-10 ANOS DE REEXISTÊNCIA DO GRUPO DE PESQUISA CANDACES DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA-UNEB

-A PRODUÇÃO INTELECTUAL NEGRA E ATIVISTA

- I SENUN (SEMINÁRIO NACIONAL DE UNIVERSITÁRIOS NEGR@S)-30 ANOS DEPOIS: MEMÓRIAS, LEGADOS E PROTAGONISMOS

LOCAL: UNEB, CAMPUS I- CEPAIA/ UNEB- PELOURINHO SALVADOR-BAHIA- BRAZIL

2, 3 e 4  de OUTUBRO DE 2023

 

 

 

O Grupo de pesquisa e de estudos CANDACES: gênero, raça, cultura & sociedade, do Departamento de Educação do Campus I, da Universidade do Estado da Bahia, certificado pelo CNPq, tem a honra de comemorar seus 10 Anos de Re (existência), através da realização do IV Ciclo Internacional, com o tema: 10 ANOS DE REEXISTÊNCIA DO GRUPO DE PESQUISA CANDACES DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA-UNEB-A PRODUÇÃO INTELECTUAL NEGRA E ATIVISTA;  I SENUN (SEMINÁRIO NACIONAL DE UNIVERSITÁRIOS NEGR@S)-30 ANOS DEPOIS: MEMÓRIAS, LEGADOS E PROTAGONISMOS.

O Grupo de Pesquisa CANDACES nasceu no dia 25 de setembro de 2013 no Departamento de Educação da UNEB, Campus I, em Salvador, com a participação de estudantes, técnicos e professoras da referida Instituição. O Grupo nasceu com objetivo de abrigar estudos e pesquisas que focalizam os impactos do racismo e do sexismo  nas experiências das populações negras na sociedade brasileira e na Diáspora africana. Sendo assim, priorizamos pesquisas que procuram dar visibilidade à trajetória social, à memória e narrativas das mulheres e homens  negrxs em vários espaços sociais; analisar as relações de poder entre mulheres e homens e sua intersecção com categorias de raça, classe, geração, afetividade, sexualidade, masculinidades, estética e outras. Refletir sobre as várias formas de organização político-cultural das populações negras e das mulheres negras na sociedade brasileira e na Diáspora negra africana. Nesse IV Ciclo internacional, o Grupo Candaces vem a público conclamar toda a comunidade UNEBIANA  e todxs representantes da sociedade civil a celebrar os nossos 10 anos de Re(existência ), saudando, ao mesmo tempo, o legado amefricano dos 30 anos de um dos maiores Movimentos Negros-Estudantil da história do século XX no Brasil: O I SENUN (Seminário Nacional de Universitários Negros).

O I SENUN – 30 ANOS DEPOIS

 

As pesquisas e debates em torno da presença da população negra nas universidades públicas brasileiras, remonta à década de 1980.  Contudo, foi a partir dos anos 1990, que de forma mais organizada, diversos intelectuais e ativistas negros começaram a denunciar a sub-representação de estudantes e professores negros e negras no ensino superior, bem como o eurocentrismo e o etnocentrismo presentes nas concepções e práticas metodológicas dessas instituições. 

No início dos anos 2000, em virtude da pressão do Movimento Social Negro, alguns governos e instituições de ensino superior adotaram algumas medidas que, embora lentamente, vem provocando mudanças no perfil socio-racial dos estudantes das Universidades públicas brasileiras.  Todavia, a realidade atual ainda demonstra que nas mais importantes universidades brasileiras, sobretudo nos cursos considerados de maior prestígio, como os das áreas médicas e das engenharias, a presença negra é quase insignificante, realidade que contradiz com a diversidade cultural do nosso país. 

Com efeito, o Movimento Social Negro elaborou diversas estratégias visando a inclusão da população negra no ensino superior, sendo que  as lutas pela  adoção das  políticas de ações afirmativas, também denominadas de cotas raciais  e as iniciativas dos cursinhos pré-vestibulares para estudantes negros, foram as que mais ganharam  visibilidade nos últimos anos. A esse respeito, vale destacar as intervenções realizadas pela militância estudantil negra nos 40º e 41º Congresso da UNE - União Nacional dos Estudantes, realizados em Brasília (1990) e Campinas (1991), quando universitários negros de diversas partes do país, além de denunciarem o eurocentrismo e a sub-representação da população negra no ensino superior, também chamavam a  atenção dos riscos desses estudantes, após adentrarem a esses espaços, logo em seguida “embranquecer-se” no  interior deles. Preocupados com essa questão, a geração dos estudantes que participou dos referidos congressos alertava para a necessidade dos futuros universitários negros também serem detentores  de uma consciência negra. E foi a partir dessa constatação que o Movimento Estudantil Negro propôs a realização do primeiro Seminário Nacional de Estudantes Negros – SENUN, com o tema A Universidade que o Povo  Negro Quer, o qual só viria a acontecer em setembro de 1993.

Durante os três anos de mobilização, divulgação e articulação nacional visando a realização do primeiro SENUN, alguns estudantes baianos tiveram a iniciativa de criar um curso pré-vestibular totalmente gratuito voltado para atender estudantes negros que não tinham condições de pagá-lo, a Cooperativa Educacional Steve Biko.  Dentre os objetivos da cooperativa, um dos principais era elevar o quantitativo de jovens negros no ensino superior, mas também despertá-los para o tema da consciência negra. O nome do cursinho, bem como o seu principal objetivo, foram inspirados na luta do ativista sul-africano Bantu Stephen Biko, assassinado pelo regime do apartheid em 1977, quando atuava  contra a política oficial de segregação racial adotada naquele país.

Com efeito, podemos afirmar que foram ações como a realização do I SENUN e da Cooperativa Stive Biko , no Brasil, dentre outras ações voltadas para a população negra em outras regiões, que corroboraram para a  realização de grandes projetos em defesa das populações negras no âmbito educacional; podemos registar a criação de vários cursos pré-vestibulares voltados exclusivamente para a população negra de baixa renda; o Congresso Nacional de Pesquisadores Negros (COPENE) e as associações nacional e baiana de Pesquisadores (as) Negros (as),  anos depois, como desdobramento das deliberações do I Senun- a criação dos NEAB´S ( Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros) nas Universidades públicas e particulares, a elaboração da Lei 10.639/03, a implementação das ações afirmativas e do sistema de cotas raciais para estudantes negros e negras e outras ações correlatas instituídas nos anos 2002 e 2003.

Foi o SENUN que, junto ao Movimento negro organizado, potencializou e divulgou a necessidade de pensarmos um conjunto de iniciativas que exigisse do Estado reparações históricas para a população negra brasileira. A III Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e Intolerâncias Correlatas, sediada em Durban, na África do Sul, em 2001, expressou-se como uma das denúncias de violação contra o Povo Negro em sua dimensão humana, inclusive, na Educação.

 Demarcando o reconhecimento da escravização de pessoas negras durante a modernidade como uma das piores tragédias na história da humanidade e que os seus efeitos ainda persistiriam, através de um conjunto de desigualdades ainda existentes no século XXI, o encontro em Durban foi  encarado pelo Movimento Social Negro, como um divisor de águas na discussão sobre o enfrentamento às assimetrias raciais em todo o planeta, através do planejamento de agendas e políticas de reparação histórica.

Nesse sentido, o  IV Ciclo Internacional CANDACES, através do seu Grupo de Pesquisa e Estudos,  trará  essas pautas tão caras a nossas existência, e, ao mesmo tempo, celebrará a nossa Re (existência) em pareceria com várias Instituições acadêmicas parceiras e organizações da sociedade civil organizada.

O objetivo do CANDACES é debater, refletir sobre as tensões de gênero- sócio-raciais-sexuais que atravessam as subjetividades das populações negras no Brasil. O grupo é composto, em sua totalidade, de pesquisadoras (es) negras, negros e  negres, os quais também problematizam em suas produções intelectuais e de pesquisa outras formas de subjetivação não-hegemônicas. A participação de estudantes, professores e de técnicos pesquisadores (as) no grupo revela a diversidade do ponto de vista do Gênero, da etnia e da orientação sexual, da diversidade de pensamento, o que tornou o espaço do Grupo, um espaço de produção intelectual, de acolhimento e de afetividade plural.

Sendo assim, o nosso objetivo no IV Ciclo Internacional CANDACES/UNEB é  difundir a produção intelectual das/os/es pesquisadores /as do Grupo de Pesquisa Candaces durante o percurso de 10 anos de existência; Divulgar a importância histórica  do I Seminário Nacional de Universitários Negros ( I SENUN),  reunindo os /as principais protagonistas  na construção e articulação desse grande Movimento que surgiu há 30 anos atrás; reunir pesquisadores/as, intelectuais e ativistas negros/as/es da Diáspora africana para debater e  difundir sobre sua produção intelectual acerca das populações negras e das mulheres negras no contexto diaspórico e da  Améfrica.

Metodologia: Teremos Conferências nacionais e internacionais, mesas, rodas  de conversa, exposição de filmes, debates, atividades culturais, apresentação musical, mini-cursos; oficinas, apresentação de trabalhos científicos, exposição fotográfica, feiras; lançamento de livros, exibição de filmes, confraternização,  afro-afetividades, aquilombamento.

 

 

 

 

Programação